Guest post: Organização e produtividade

Bem-vindos de volta à série de publicações convidadas! Neste mês, tenho a honra de receber um colega de trabalho, profissional incrível que muito ajudou os tradutores durante sua passagem pela Abrates como diretor e presidente e ser humano exemplar que tenho o orgulho de chamar de amigo.

Bem-vindo, William!

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Foto de Emma Matthews, disponível em Unsplash

Vamos conversar um pouquinho sobre produtividade, qualidade de vida e organização?

Responda rápido: se você tem um trabalho pequeno que, pela sua experiência, não deve demorar mais que duas horas para ser feito, com prazo de cinco dias para a entrega, quando você começará a cuidar desse serviço?

Se você disse: “Imediatamente, mas vou parar sempre que houver uma notificação de mensagem no computador ou no celular, afinal, tem tempo de sobra para terminar e esse trabalho nem é tão grande assim, já conheço bem o assunto que esse cliente traduz, enfim, não tenho motivos para me preocupar.” Não se sinta só e leia o artigo.

Se sua resposta foi: “Na manhã do último dia do prazo, eu abro o arquivo e traduzo, não quero acostumar mal o cliente entregando muito antes do prazo. Tradução não é disque-pizza, e o cliente não vai valorizar meu trabalho se eu entregar mais rápido, vai pensar que é fácil de fazer.” Saiba que muitos tradutores e outros profissionais autônomos também pensam exatamente assim. Novamente, não se sinta só, mas leia este artigo. Leia agora.

Se respondeu que começará imediatamente e entregará ainda hoje, você faz parte de uma minoria muito disciplinada. Mas continue lendo. Tenho algumas dicas para você também.

Por que protelamos? Você sabe que tem o que fazer, sabe que tem um prazo, tem ideia de quanto tempo pode demorar para fazer, mas assume a postura do “tá tranquilo, tá tudo certo, tenho tudo sob controle”. A resposta para essa pergunta, no meu caso, foi: isso acontece porque você não tem uma rotina organizada e perde o foco com frequência.

Ter uma rotina organizada é fundamental para que você esteja no controle não só do trabalho, mas de todo o seu tempo. Eu sei, eu sei, disso você já sabia, mas o problema é colocar em prática a organização, é se habituar a ter uma agenda, uma estratégia para definir prioridades e até para decidir o que não precisa de sua atenção e deve ser deixado de lado. Porque sim, há coisas que você pode deixar de fazer, e elas não causarão nenhum impacto negativo em sua vida. Durante o período em que trabalhei na Abrates, precisei aprender a me organizar para conseguir responder às muitas demandas da associação, às necessidades inerentes de nosso trabalho, como prospectar novos clientes, manter-me atualizado e, principalmente, dar atenção aos amigos e à família que, durante esse período, ainda me presenteou com meu primeiro neto.

Não foi fácil me organizar e melhorar o foco, mas foi menos difícil do que imaginei.

Algo muito importante que você precisa saber: ninguém se torna organizado de um dia para o outro, apenas lendo sobre o assunto ou simplesmente fazendo um curso. Organização é aprendizado e construção de hábitos. É um processo lento, mas sempre passível de melhoria. A definição que mais me agrada, tirada de alguns dos muitos livros e artigos que li, é: organização é um processo de redução e seleção. Você reduz a quantidade de eventos que realmente precisam de sua atenção e seleciona quais terão sua atenção com prioridade. Há muitas ferramentas para ajudar nesse processo. Tenho algumas dicas para quem quer começar a se organizar. Dicas simples, mas muito eficientes.

A primeira é: registre em que você gasta seu tempo. Você certamente ficará surpreso ao descobrir que desperdiça boa parte de seu tempo na frente do computador com coisas que não fazem parte de sua rotina de trabalho. Você pode fazer isso com papel e caneta ou instalar algum software que registre quais os programas, sites e outras atividades realizadas no computador e por quanto tempo. Se você usa Mac, minha sugestão é o Timing. Para PC, ouvi dizer que o Toggl é uma boa opção. Instale uma dessas ferramentas em seu computador e use-o normalmente por uma semana. Provavelmente, você descobrirá que redes sociais, mensageiros e e-mails são os vilões que mais roubam tempo dos profissionais freelancers. Você pode estar pensando: mas preciso “me desligar um pouquinho” para ser mais produtivo, ter uma válvula de escape… O problema é que essa válvula precisa estar bem regulada e só deve ser aberta nos momentos certos. No meu caso, o ideal é que essa válvula esteja em outro lugar, não no computador. Uma caminhada, uma conversa com o porteiro, uma série ou desenho animado na TV. Qualquer coisa que faça você se levantar da cadeira e se movimentar pode melhorar não só sua produtividade, mas também sua saúde.

A segunda dica é sobre definição de prioridades. Uma das ferramentas mais básicas e práticas para quem quer se organizar é a Matriz de Eisenhower. Creditada ao general e ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower, que precisava tomar decisões rápidas durante a Segunda Guerra, ela ajuda a definir em que colocar seus esforços, o que delegar, o que agendar e o que simplesmente não fazer. Recomendo começar sua jornada de organização por ela, pela facilidade e custo zero de implementação: papel e caneta resolvem a maioria dos casos. Um vídeo bem claro sobre esta ferramenta você encontra aqui.

Outra forma de se organizar é desenvolver fluxos de trabalho. Documente em uma lista a sequência de passos que você executa para realizar trabalhos com eficiência. Mesmo para aqueles trabalhos que você já faz de olhos fechados, escrever um fluxo de trabalho pode ajudar a perceber onde você está perdendo tempo e o que poderia melhorar. Além disso, você também pode perceber a oportunidade de automatizar algo em seu processo. Não se esqueça de que o computador deve trabalhar para você, e não o contrário.

Uma dica importantíssima que ignorei por muito tempo: dormir bem. É quase impossível manter o foco e ser organizado se você não dá a seu cérebro o descanso de que ele precisa. Desenvolva uma rotina para relaxar e se recuperar para o dia seguinte. Dormir sempre no mesmo horário faz com que seu corpo se prepare melhor e tenha mais facilidade para entrar no sono. O que fiz quando comecei a implementar essa rotina foi usar o despertador de forma inversa: colocava um alarme no meu celular para tocar às 22h30. Assim que ele tocava, eu começava a me preparar para dormir. Não foi preciso muito tempo para que isso se tornasse rotina. Claro, como dizem por aí: there’s an app for that! E você pode usá-los para monitorar e entender melhor seu sono. Atualmente, uso o Pillow, para iOS. Se você usa Android, ouvi boas recomendações do Sleep as Android, que oferece 14 dias de avaliação gratuita.

Para encerrar, três dicas rápidas:

  • E-mails são importantíssimos, mas também podem consumir boa parte de nosso tempo. Para manter o foco, desligue as notificações e defina um horário rígido para lidar com eles. Para alguns endereços para os quais você precisa responder rapidamente, crie notificações usando filtros.
  • Se você usa o Gmail, aprenda a usar filtros e respostas predeterminadas.
  • Descubra qual tipo de música melhora sua produtividade. Eu uso o Focus@Will, serviço que usa neurociência e realmente funciona para mim.

Há muitas ferramentas e métodos que prometem melhorar a produtividade e a organização. Não existe um método que funciona para todo mundo e você pode descobrir que parte de um funciona bem, parte de outro ajuda bastante, que você não suporta tal método… O ideal é testar e descobrir o que funciona para você. Organização e produtividade são pessoais.

Agradeço minha amiga Carol Alberoni por este convite e espero ter colaborado um pouco com sua produtividade e organização. Qualquer dúvida, estou à disposição.

Sobre o autor
William_AvatarWilliam Cassemiro tem 47 anos, é pai orgulhoso de duas filhas e avô-babão do Luquinhas. Foi diretor e presidente da Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes, Abrates, de 2014 a 2018, e participou ativamente da organização de cinco Congressos Internacionais da Abrates, com público médio de 600 participantes. Organizou diversos cursos pela associação, participou de congressos em outros países, palestrou no Brasil, Inglaterra e Uruguai. Sua primeira formação foi em Eletrônica, ramo em que atuou em grandes empresas de Tecnologia, como Xerox e SEMP Toshiba. É tradutor profissional de inglês para português, com Bacharelado em Letras pela Universidade de São Paulo. Na Abrates, considera seu maior feito a implementação do Programa de Mentoria da associação, que orienta tradutores e intérpretes em início de carreira.

Tradução e interpretação: inclusão de palavra em palavra – Parte 2

Caso ainda não tenha lido a primeira parte, acesse-a aqui.

Ainda no primeiro dia de palestras do congresso, após o coffee break, participei da mesa-redonda do Programa de Mentoria da Abrates, Caminho das Pedras, do qual orgulhosamente já fui coordenadora e ajudei a criar. O Programa de Mentoria foi idealizado pelo William Cassemiro, quando ainda era diretor da Abrates, e lançado em março de 2016. Hoje, o Comitê de Administração é composto pelos seguintes coordenadores: Carolina Ventura, Gisley Ferreira, Lidio Rodrigues e Sidney Barros Junior (não presente na mesa-redonda por motivo de força maior). Também fizeram parte da mesa um par de mentora (Ana Julia Perrotti-Garcia) e mentorada (Priscila Osório Côrtes), que contaram como foi sua experiência no programa, e a Monica Reis, que também ajudou a criar o programa.

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Mesa-redonda sobre o Programa de Mentoria da Abrates

O Programa de Mentoria é totalmente voluntário e gratuito, mas exclusivo para associados da Abrates. O programa já ajudou 55 mentorados desde sua criação. No momento, há nove pares em andamento. Os requisitos para ser mentorado são: ter até dois anos de experiência como tradutor/intérprete ou, caso não tenha experiência, estar cursando o último ano de um curso de letras/tradução/interpretação. Os requisitos para ser mentor são: ter pelo menos cinco anos de experiência como tradutor/intérprete. A duração de cada programa é de seis meses, e as reuniões são realizadas da melhor forma decidida entre o par de mentor e mentorado (presencialmente, Skype, e-mail, WhatsApp, etc.). As fichas de inscrição são analisadas por todos os membros do Comitê de Administração, que decidem em comum acordo se o candidato é qualificado ou não para o programa e, caso seja aprovado, quem é o mentor mais adequado ao perfil dele. Após essa decisão, o mentor recebe a ficha do possível mentorado e decide se concorda com a escolha ou não. Cada par é acompanhado por um coordenador (membro do Comitê de Administração). As metas a serem abordadas no programa são basicamente traçadas por cada mentorado com a ajuda do mentor. No entanto, é importante ressaltar que o programa não visa ensinar como traduzir, mas orientar sobre os aspectos práticos do mercado, que normalmente não são abordados pelos cursos da área.

A mentora Ana Julia Perrotti-Garcia já participou de três ciclos e relatou sua experiência: “Ganhei três grandes amigos e colegas de profissão”.

Para mais informações, acesse a página do programa no site da Abrates (link acima). Também há mais detalhes sobre o programa nesta publicação do blog.

Após o almoço, foi a vez da minha primeira apresentação, “Nem só de tradução vive o tradutor: acabando com o endeusamento do trabalho em excesso”, sobre a qual falarei em uma publicação separada. Aguardem!

Em seguida, foi a vez de Mark Thompson, com a apresentação “Menos heavy, mais leve. Pense no leitor alvo!” Mark, cuja língua materna é o inglês, falou sobre versões de português para inglês feitas por tradutores não nativos. Segundo ele, os seguintes adjetivos, entre outros, são usados para descrever essas traduções: long-winded, verbose, wordy, prolix, repetitive. Como vez ou outra faço versões, gostei muito de algumas dicas e soluções que ele deu para alguns termos difíceis de serem traduzidos, como “elaborar” (draft, formulate, detail, write, outline, design, etc.), “destacar” (highlight, stress, mention, emphasize, underline, etc.) e “desembolso” (spending, spend, expenditure, etc.). Dica dele ao verter do português para o inglês: não reproduza o português religiosamente e evite repetições desnecessárias.

O sábado foi concluído com a apaixonante palestra da grande Alison Entrekin, tradutora literária do português para o inglês, “Oombarroom: a reconstrução de Grande Sertão em inglês”. Como o próprio nome da palestra diz, Alison está atualmente trabalhando em uma nova versão da grande obra de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, para o inglês, com o apoio do Itaú Cultural. Australiana, Alison mora no Brasil há mais de 20 anos e nos deleita com um português perfeito: “É a primeira vez que falo para um público de tradutores”. Que honra! Segundo ela, além de ser um livro extenso, com cerca de 600 páginas, a densidade dele é ainda maior. Menciona Haroldo de Campos, que afirmou que traduzir Grande Sertão é um processo de transcriação no qual perde-se de um lado, mas ganha-se de outro, e no qual o grande protagonista é a língua. Quanto à sua imensa responsabilidade nesse longo projeto, Alison diz que “só” tem “que traduzir para um inglês universal e inexistente”. Baba de moça, não é? Tradutora de grandes obras da língua portuguesa, como Cidade de Deus, de Paulo Lins, Budapeste, de Chico Buarque, e Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, Entrekin conseguiu nos encantar com seu amor pela língua portuguesa e o carinho e atenção que dedica não só a Grande Sertão: Veredas como a todas as obras que traduz. Ela é capaz de despertar o amor pela literatura e pela tradução literária até nos menos interessados.

Dica: a Alison já fez parte da série de entrevistas Greatest Women in Translation deste blog. Leia aqui.

No domingo, último dia do congresso, minha primeira palestra do dia foi “Novas ferramentas de auxílio à tradução e sua performance”, por Marcelo Fassina. Marcelo começou afirmando que MT (tradução automática) não é mais tendência, já é a realidade. Os clientes de serviços de linguagem, provedores de tecnologia, linguistas (nós) e LSPs (Language Service Providers) precisam trabalhar em conjunto nessa nova realidade tecnológica, segundo Fassina. Precisamos começar a abraçar as novas tecnologias e nos especializar cada vez mais. Lugares para bons profissionais sempre existirão no mercado, e a alta especialização será o que diferenciará os tradutores das máquinas. Além de diversidade e inclusão, eis aqui outra palavra que ouvi muito em todo o congresso: “especialização”.

Em seguida, assisti à palestra do Reginaldo Francisco e do Roney Belhassof, “Tradução saindo da torneira?” Criadores do projeto Win-Win, os dois falaram sobre a evolução e as tendências do mercado de tradução. Achei extremamente interessante e relevante a menção que fizeram a uma declaração publicada no site do congresso de 2013 da TAUS (tradução livre minha): “A tradução está se tornando um serviço de utilidade pública, como eletricidade, internet e água, que são serviços de que precisamos no dia a dia, sem os quais nos sentiríamos perdidos. Esses serviços estão sempre disponíveis, inclusive em tempo real, se necessário.” Segundo Reginaldo e Roney, a tradução faz parte do processo de construção cultural e linguística da humanidade.

Ainda não conhece o projeto Win-Win? Acesse o site (link acima) e saiba mais sobre essa iniciativa de democratização da tradução.

Infelizmente, tive que sair da apresentação dessa dupla dinâmica antes do término, pois, em seguida, foi minha segunda apresentação do congresso, “Gerenciamento e curadoria de redes sociais para tradutores”, sobre a qual também falarei em outra publicação separada em breve. Aguardem!

Neste ano, o encerramento do congresso foi antecipado, pois o Brasil estreou na Copa do Mundo contra a Suíça na parte da tarde. No entanto, além de exibir o jogo em um local dedicado especialmente aos torcedores, a Abrates também ofereceu palestras breves, estilo TedTalks, durante o jogo para aqueles que não são fãs de futebol.

Assim como a abertura, o encerramento também foi inovador e inclusivo, com uma palestra apresentada em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e interpretada em português e inglês! A professora Marianne Stumpf, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), deu um show de simpatia com a apresentação “Tradutores surdos: experiências em processos de tradução para Libras”. Fiquei impressionada com o tanto que a comunicação em Libras é bem mais rápida que a comunicação oral! Foi uma experiência incrível para sentirmos um pouco na pele como é ser surdo. Segundo a professora, a visibilidade do intérprete de Libras é maior que a do intérprete comum, tornando a estética e a vestimenta detalhes importantes, pois influenciam na interpretação. Ilustrando a diferença entre as línguas de sinais de diferentes países, Stumpf nos contou que, por exemplo, o sinal que fazemos com o dedo médio, que é uma ofensa aqui no Brasil, significa “férias” na língua internacional de sinais. O número total de alunos surdos no Brasil é de 5,7 milhões, desde a educação básica até cursos superiores.

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Marianne Stumpf. Crédito: Renato Beninatto.

Desde o congresso realizado em Belo Horizonte, em 2013 (que, aliás, foi o ano de criação deste blog), não perco uma edição. O congresso já teve um número recorde de participantes (quase 900, em 2015, em São Paulo), localizações diferentes (como a de Belo Horizonte), palestras memoráveis (abertura com Leandro Karnal, no ano passado, em São Paulo), mas essa edição foi linda! O William Cassemiro, que ocupou o cargo de presidente de 2016 a este ano, encerrou seu mandato e seu lindo trabalho na associação com chave de ouro. Deu um show de inclusão e lição de vida a todos nós com as palestras de abertura e de encerramento. A Abrates sempre é sinal de inovação. Foi a primeira a fornecer interpretação simultânea e de Libras em seus congressos. Agora inovou mais uma vez com dois palestrantes negros de abertura, um homem e uma mulher, e uma palestrante em Libras no encerramento. Tenho muito orgulho de ser membro de uma associação que se preocupa também com a humanidade, a diversidade e a inclusão.

Agora, quem assume o cargo de presidente por dois anos é o Ricardo Souza. E ele já disse que o próximo congresso, que será realizado no ano que vem (data a ser definida) em São Paulo, promete, pois, além de ser a 10ª edição, será o aniversário de 45 anos da Abrates. Mal posso esperar!

Não perca estes outros relatos:
O início, o fim e o e-mail, por Maíra Monteiro
Resumo do 1º dia do Congresso da ABRATES, por Rayza Ferreira (também há a 2ª e 3ª partes)
Diversidade e inclusão, pautas de toda profissão, por Carolina Walliter

Mentoria em tradução

Cabeçalho

O que é

Embora o termo mentoria seja recente, principalmente no Brasil, o conceito faz parte das nossas vidas de maneira informal desde que nascemos. Em sua forma básica, trata-se do processo natural no qual somos orientados no melhor caminho, incentivados a fazer mudanças ou impulsionados a evoluir. Por proporcionar efeitos altamente significativos, esse processo natural começou a ser estudado e pesquisado profundamente a partir dos anos 70 (no Brasil, somente há cerca de 10 anos). Foi, então, adaptado ao uso formal, estruturado como recurso de orientação e desenvolvimento profissional. No Brasil, a mentoria como ferramenta de desenvolvimento profissional está dando os primeiros passos. Na tradução, a ATA (American Translators Association) foi a primeira a introduzir um Programa de Mentoria, seguida recentemente pela APTRAD (Associação Portuguesa de Tradutores e Intérpretes) e agora pela Abrates (Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes).

Como funciona

A mentoria é um processo no qual o mentorado é orientado para facilitar e agilizar seu desenvolvimento e evolução por um profissional mais experiente que dedica seu tempo para compartilhar conhecimento e experiência com base principalmente no exemplo. Por sua experiência e por já ser consagrado no mercado, o mentor serve como objeto de respeito e admiração, um exemplo a ser seguido. Na tradução, esse processo ajuda o tradutor iniciante ou recém-formado a adquirir uma base mais sólida sobre como funciona o mercado diretamente de alguém que já está nele e que pode falar com propriedade sobre o assunto. Com isso, o mentorado obtém o caminho para encontrar as respostas (não as respostas em si) de que precisa de forma mais rápida e eficaz.

Benefícios são gerados para todas as partes: mentorado, mentor e organização. Além do aprendizado geral sobre o mercado e a profissão, o mentorado tem a chance de ampliar sua rede de relacionamentos. O mentor, por sua vez, além de ser reconhecido e de também aprender com o mentorado, obtém satisfação pessoal e profissional. Já a organização, adquire experiência organizacional e aprende com o desenvolvimento dos mentores e mentorados. Ou seja, todos saem ganhando.

Caminho das Pedras

O Programa de Mentoria “Caminho das Pedras” da Abrates é totalmente gratuito. Foi lançado no início de março e já é sucesso absoluto! No momento, há 20 pares mentor/mentorado em andamento e já há uma lista de espera.

Para se inscrever como mentorado, é preciso:

  1. Ser associado da Abrates e estar em dia com suas obrigações; e
  2. Ter no máximo dois anos de experiência como tradutor/intérprete; ou
  3. Estar no último ano do curso de tradução/interpretação/letras.

Para se inscrever como mentor, é preciso:

  1. Ser associado da Abrates e estar em dia com suas obrigações; e
  2. Ter no mínimo cinco anos de experiência na área.

Os interessados são solicitados a preencher uma ficha de inscrição com detalhes pessoais e metas desejadas para o programa. O Comitê de Administração analisa cada ficha e decide, em conjunto, o mentor mais adequado para cada perfil, de acordo com as descrições fornecidas na ficha do mentorado.

Cada programa dura seis meses, contados a partir do primeiro encontro do par. Os pares devem se encontrar por no mínimo duas horas por mês, no formato de preferência dos dois, com frequência também a ser decidida em conjunto. Cada par tem seu próprio coordenador dentro do Comitê de Administração. As reuniões são acompanhadas pelo coordenador designado por meio de relatórios de acompanhamento que devem ser preenchidos pelo mentor e pelo mentorado separadamente após cada reunião. Embora o programa tenha caráter voluntário (de todas as partes), há regras a serem seguidas para garantir a qualidade e o andamento fluido do programa de cada par. Caso essas regras não sejam seguidas, os coordenadores do Comitê de Administração decidirão, em conjunto, sobre a possível exclusão do mentor ou mentorado do programa.

Embora o limite de pares já tenha sido atingido, se você tiver interesse em ser mentorado e estiver de acordo com a regras do programa, envie um email se inscrevendo a fim de que possa entrar na lista de espera. A lista de espera segue a ordem de conclusão de inscrição, ou seja, quando o mentorado é finalmente aprovado no processo de seleção e considerado apto para começar o programa.

Acesse a página do programa no site da Abrates para saber mais detalhes, conhecer as regras e obrigações. Caso tenha qualquer dúvida ou queria se inscrever, entre em contato pelo e-mail: mentoria.abrates@gmail.com.br.

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