Sejam bem-vindos de volta, queridos leitores!
A ordem das publicações foi trocada este mês. Não se preocupem! A série de entrevistas Greatest Women in Translation será publicada na próxima segunda-feira, dia 10. 😉
Hoje tenho a honra de receber uma pessoa querida que acabou se tornando uma grande amiga. Seguidora assídua do blog, tive o prazer de conhecê-la pessoalmente no ano passado. Além de ser uma pessoa incrível, de coração imenso, é também, como é de se esperar de pessoas incríveis, uma profissional competentíssima, apaixonada pela tradução.
Seja bem-vinda, Sil!

Fonte: Unsplash
Sobre a alegria de estudar e trabalhar com o que se gosta
Bom, este não é um texto sobre especificidades da tradução, mas sobre a paixão que todos têm (ou passam a ter) quando se envolvem com essa área. Quando a Caroline me convidou para escrever, eu já era leitora assídua aqui do blog desde 2014. Foi quando a conheci na Semana do Tradutor da UNESP, uma das melhores edições do evento, em minha opinião! Por isso, eu fiquei um pouco insegura, porque não atuo como freelance há algum tempo e acabaria sendo mais emocional do que profissional. Mas, inspirada no post da Giulia Carletti, Translation lets you be everything you want to be, aceitei o convite, e este é um post sobre como a tradução me motiva e me faz feliz.
Quando terminei a graduação em Letras nos anos 90, não se ouvia falar sobre tradução na universidade, e eu também não sabia que gostava da área e nem que podia estudá-la. Como eu não me encaixava nas linhas de pesquisa oferecidas no mestrado, decidi me dedicar às aulas como professora de inglês. Mas, lembro-me de várias situações em que eu tentava convencer algum aluno de que aquela frase do resumo ficaria muito literal no abstract e perderia o sentido se fosse traduzida como ele queria ou ainda que a letra daquela música não teria sentido se não invertêssemos a estrutura da frase. Era difícil convencer os alunos, mas eu amava estar ali, tentando explicar tudo isso.
Alguns anos depois, mudei-me para Florianópolis e decidi voltar a estudar. Fui pra UFSC. Procurando alguma linha de pesquisa que me motivasse, soube que iria abrir um programa de pós-graduação em estudos da tradução – a PGET. Lembro como se fosse hoje quando eu falei: “Tradução! É isso!” Era o que eu queria fazer. Eu já trabalhava como freelance para uma agência e estudar o que eu tinha como profissão era tudo o que eu queria! Amei cada minuto na PGET porque a tradução me completava e encantava e me fascinava cada dia mais.
Hoje sou professora em um curso de licenciatura em letras e meu objetivo maior tem sido compartilhar com os alunos o que é traduzir e ser tradutor. Digo isso porque muitos deles, apesar de o curso ter como foco a formação docente, acabam atuando como tradutores (e até intérpretes) sem ter conhecimento da profissão. Já outros dizem que a tradução não agrega nada à carreira docente. No entanto, a tradução está presente em muitos momentos em sala de aula: muitos tradutores também são professores, e uma profissão não exclui a outra.
Mas sou insistente. Compartilho questões da prática, mercado, blogs, sites, exercícios, teorias, enfim, questões que eu sei que farão a diferença em algum momento da vida deles. Para os que são flexíveis a ponto de encarar o desafio de estudar e praticar tradução, os resultados têm sido bastante positivos: alguns TCCs já defendidos, um encontro anual sobre tradução, promovo palestras com tradutores nas aulas, um grupo de pesquisa, pequenos projetos de tradução em sala… E tudo o que eu espero são alunos mais conscientes sobre o papel e a singularidade do ato de traduzir. Tudo isso me traz uma única certeza: a tradução foi e é a melhor escolha que eu poderia ter feito pra mim. E assim se faz o caminho, ao andar, como diria o poeta Antônio Machado: sigo como tradutora voluntária, professora e admiradora dos amigos e colegas que fazem da tradução um caminho real e possível.
Sobre a autora
Silvana Ayub é graduada em letras, artes plásticas e comércio exterior. Tem pós-graduação em estudos da tradução pela PGET–UFSC. Já foi freelance, hoje é voluntária. Queria ser comissária, mas, por ser baixinha, não conseguiu. Queria ser arquiteta, mas a matemática sumiu. É 50% curitibana e 50% florianopolitana, professora de inglês e tradução em Curitiba. Gosta de culinária e aprecia um bom café e uma boa conversa. Desistiu do Facebook e não se arrepende, mas responde a e-mails com relativa rapidez. Pode escrever, se quiser: sil-in-sc@uol.com.br ☺