Our guest today is Ana Julia Perrotti-Garcia, quite well-known among Brazilian translators. She’s responsible for hosting PROFT. I hope you like her post about audio description.
Welcome, Ana Julia!
Audiodescrição: instrumento de acessibilidade, campo de trabalho, objeto de estudo
A audiodescrição (AD) é um recurso de acessibilidade que possibilita aos deficientes visuais assistirem a espetáculos audiovisuais (TV, cinema, teatro, eventos esportivos), tirarem maior proveito de aulas e materiais didáticos e conseguirem uma experiência mais enriquecedora em museus, exposições, feiras e até mesmo em lojas e shopping centers.
Mas a AD não é útil apenas para pessoas com deficiência visual. Idosos, portadores de dislexia, estrangeiros e pessoas com déficit de atenção são apenas mais algumas que podem utilizar esse recurso assistivo. Audiodescrever é contar com palavras as imagens relevantes que não podem ser apreendidas pelo público-alvo.
Existem audiodescritores que trabalham em espetáculos ao vivo – em geral fazendo a locação de dentro de uma cabine (como as cabines de interpretação simultânea) ou usando um microfone externo, cujo som é direcionado a receptores, e desses para fones de ouvidos utilizados pelos usuários da AD. Esses mesmos fones podem ser usados para ADs gravadas, como as feitas para filmes de cinema.
Aparentemente simples, a AD guarda especificidades que requerem do audiodescritor uma percepção apurada, atenção aos detalhes, um texto bem redigido, claro e preciso, além da sensibilidade para conseguir criar um produto de qualidade, para um público bastante exigente. Seja para cinema, teatro, TV, museus ou espetáculos artísticos, esportivos ou culturais, a AD deve servir de instrumento de acessibilidade, sendo sempre imparcial, sem assumir um caráter paternalista e nunca distorcendo a realidade, nem assumindo posicionamentos tendenciosos ao fazer as descrições.
Relativamente recente no Brasil, mas já bastante organizada, a AD já conseguiu um “feito” que a nossa querida Tradução ainda aguarda: em 2013, o Projeto de Lei (PL) 5156 de autoria do deputado Eduardo Barbosa regulamenta o exercício da profissão de audiodescritor. Mais que isso, em seu artigo Art. 3º, o PL diz “Os roteiros de audiodescrição são considerados obras intelectuais e sua utilização se dará nos termos da legislação sobre direitos autorais.” Tenho certeza que os tradutores de livros sabem exatamente o quanto essa conquista é importante.
Até por não haver ainda muitos cursos regulamentados, o PL não tocou no tema da formação do audiodescritor. Isso deixa uma imensa lacuna a ser preenchida. E por que há alguns anos venho defendendo a tese que os tradutores podem (e devem) pensar na AD como uma subespecialidade tradutória? Não só porque há muitos pontos em comum entre ambas as atividades, mas porque audiodescrever é traduzir imagens em palavras (lembram-se da definição de “tradução intersemiótica” de Jakobson?).
Claro que entre ser um tradutor e tornar-se um audiodescritor há um caminho a ser percorrido (com muita leitura, reflexão, treinamento, aquisição de habilidades específicas), mas um tradutor já tem um arsenal cognitivo, operatório e técnico que irá ajudá-lo a construir os saberes necessários para conseguir dominar a AD e fazer dela seu campo de atuação profissional.
Thank you so much for your participation on our blog, Ana Julia! It’s a real pleasure to welcome you here. 🙂
About the author
Ana Julia Perrotti-Garcia é tradutora freelancer Italiano > Espanhol > Português <> Inglês na área de Ciências da Saúde. Trabalha como professora dos cursos de pós-graduação em Tradução das Faculdades Unibero/Anhanguera e UNINOVE. Atua com audiodescrição e interpretação. Palestrante nacional e internacional.