Reavendo alguns fatos sobre a nossa profissão

Aqui está mais uma tradução da aluna Gabriella Strapasson. Desta vez, da publicação da convidada Emeline Jamoul, Reclaiming the truth about our profession.

Quer saber mais sobre essa parceria do blog com a UTFPR? Leia aqui.

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Trata-se de uma verdade universal que tradutores freelance são criaturas incompreendidas. Apesar de existirmos há milhares de anos e provavelmente exercermos um dos trabalhos mais antigos do mundo, as pessoas parecem não ter consciência da nossa existência e muito menos da nossa finalidade.

Se alguma vez você disse a alguém o que faz, tenho certeza de que se deparou com algumas reações impagáveis. As pessoas sempre supõem certas coisas a respeito da nossa escolha profissional: se você trabalha como freelancer é porque tem medo do mundo real (hey, nós também temos responsabilidades!) ou porque, por acaso, é bilíngue.

Sou tradutora freelance há 1 ano e meio e, nesses 18 meses, o número de comentários absurdos que escuto sobre minha profissão só aumenta. Aqui vão alguns, que vocês já devem ter escutado!

  1. Traduzimos somente obras literárias
    Aos olhos da maioria, tradutores só traduzem um tipo de texto: literatura. Ano passado, minha médica perguntou o que eu estava fazendo já que havia me formado. Quando eu disse que era tradutora freelance, ela me olhou admirada e perguntou quais livros eu tinha traduzido. Infelizmente, tive de decepcioná-la, pois grande parte dos tradutores não tem o privilégio de traduzir literatura, mesmo sendo o sonho da maioria!
  2. Tradutores e intérpretes são a mesma coisa
    Estremecemos quando ouvimos que alguém está procurando um profissional para “traduzir” uma reunião. Que blasfêmia!
  3. “Sério… O que você faz de verdade?”
    Claro, porque trabalhar em casa, de pijama, é muito bom pra ser verdade. 🙂
  4. “Você só vai traduzir manuais de instrução”
    Uma das minhas professoras do ensino médio me disse isso uma vez. Ainda lembro desse dia porque nos perguntaram o que queríamos ser quando crescer. Eu estava em dúvida entre jornalista, tradutora ou professora. Vocês podem imaginar como eu era inocente com 13 anos de idade, tanto que acreditei quando ela disse que eu traduziria manuais de instrução para o resto da vida ou…
  5. “Trabalhar na União Europeia”
    Isso, é claro, era para poucos, mas admito que nessa ela passou perto. E quanto às traduções de documentos de marketing? E contratos internacionais? E interpretação em hospitais? Há um mundo de possiblidades que vão muito além da tradução de manuais de instruções e interpretação de assuntos da comunidade europeia.
  6. “Trabalhar em casa não é a mesma coisa que trabalhar em um escritório” (leia-se num tom condescendente)
    Na verdade, trabalhar em casa é muito melhor. 🙂

E a lista continua… Mas o que podemos fazer a respeito dessas ideias equivocadas sobre a nossa profissão? Se analisarmos os comentários acima, percebemos que o problema é o mesmo: desconhecimento. Nossa responsabilidade também é promover a conscientização a respeito do que realmente é ser um tradutor freelancer, pois muitas pessoas realmente se interessam pelo nosso trabalho, e isso não é algo ruim.

Sempre que percebo alguma dúvida em meu interlocutor, em vez de simplesmente dizer “Eu só traduzo textos do inglês para o francês”, aprofundo meu ponto de vista, argumentando. Geralmente me perguntam o que e para quem eu traduzo, o que mostra nitidamente o total desconhecimento sobre a finalidade da tradução e sobre como ela é feita. Nada melhor do que dar uma boa, e precisa, primeira impressão sobre essa profissão fascinante. E você, leitor, quais tipos de comentários já ouviu sobre sua profissão?

Sobre a tradutora
GabriellaGabriella Strapasson é formada em Licenciatura em Letras Português/Inglês (UTFPR). Trabalha como tradutora in-house há seis meses com o par inglês > português e também é professora de inglês. Faz pós-graduação em Tradução de Inglês na Estácio de Sá e está se especializando nas áreas de Finanças, TI e Jurídica. É integrante do TradLin – UTFPR, um grupo de pesquisa sobre Estudos da Tradução. Reside em Curitiba-PR e pode ser encontrada no Facebook e LinkedIn.

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