Today’s guest on our series is Van Lee Pereira. And his contribution to our blog is one of his translator stories.
Welcome, Van Lee!
Desliga você primeiro
Sabe aquele casal de namorado, que está bem no comecinho do relacionamento, em que tudo é um mar de rosas, tudo é belo, tudo é lindo, não tem brigas nem discussões?
Sabe quando o casal fica horas e horas no telefone e fica falando um para o outro:
— Desliga você primeiro.
— Ah, não desliga você.
Como estamos na era das mensagens, agora a conversa é:
— Ah, não, só mais cinco minutos…
Enfim, aconteceu algo parecido comigo na área da tradução. Calma, eu não me apaixonei pela cliente não.
A história é a seguinte: eu estava bem no comecinho da vida de tradutor freelancer, recebo email de uma pessoa física que queria serviço de tradução. Pessoa física é sinônimo de dor de cabeça. Depois eu explico.
Orçamento feito, autorização para traduzir e mãos à obra.
Quando terminei a tradução, começou a “história de amor”. Mandei um email dizendo que eu finalizei a tradução e disse:
— Envio a tradução depois que for feito o depósito do dinheiro.
Ela respondeu:
— Só faço o depósito do dinheiro depois que eu receber a tradução.
— Não. Primeiro você deposita o dinheiro que eu te mando a tradução — eu falei.
— Não. Primeiro me manda a tradução que eu faço o pagamento.
Segundos depois ela me disse:
— Qual a garantia que eu tenho de que eu vou receber a tradução quando eu fizer o pagamento?
— E qual a garantia que eu tenho de que eu vou receber o dinheiro assim que eu enviar a tradução?
— Quem garante que eu não vou levar calote? — ela falou.
— E quem garante que EU não vou levar calote? — repliquei.
— Desculpe-me pela desconfiança. É que uma pessoa fez uma tradução para mim, eu fiz o pagamento antecipado e acabei levando calote.
— Olha que coincidência. Eu fiz uma tradução, enviei antecipadamente e também levei calote.
Lembra que eu falei que depois eu explicaria por que pessoa física é sinônimo de dor de cabeça? Acho que não precisa explicar mais não, né? Depois de mais de 30 emails trocados (romântico, né?), ela falou:
— Eu to indo ao banco agora depositar o seu dinheiro. Assim que eu te mandar o comprovante, você me manda a tradução, ok?
Pronto. Problema resolvido. Ela me pagou e eu mandei a tradução para o email dela.
CONCLUSÃO: Tradutores autônomos costumam trabalhar para pessoas jurídicas, em que o risco de calote é bem menor. Eles atrasam, mas pagam. Ao trabalhar com pessoa física, vou dar o conselho que eu recebo de 99,99% dos tradutores: PAGAMENTO DE 100% OU METADE NO COMEÇO E METADE NO FIM DA TRADUÇÃO.
About the author
Van Lee Pereira é formado em Letras português/inglês pela Faculdade Evangélica de Brasília e pós-graduado em Tradução inglês/português pela Universidade Gama Filho. Trabalha nos pares de idiomas inglês e espanhol para o português desde 2012 e atualmente trabalha como tradutor e revisor no Ministério do Turismo.
Muito engraçado! e verdade.
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Hahahaha que história engraçada! Ainda bem q terminou bem e vc recebeu, Van Lee. Aliás, fez bem em se manter firme, é como ocorre nas compras pela internet, primeiro o pagamento; depois, o produto. As vezes me perguntam se faço tradução pra pessoa física, eu até digo que sim, mas não dou muita atenção pq sei que muitas vezes é prenuncio de calote e dor de cabeça. Viva as pessoas jurídicas, que nos pagam certinho e sem enrolação.
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Nem sempre as pessoas jurídicas pagam certinho. Há também os caloteiros entre os negócios. Acredito que a solução seja, sim, pedir pelo menos parte adiantada e exigir que esse pagamento seja feito a fim de que você inicie a tradução. Depois, à medida que você pega confiança no cliente, não precisa mais pedir pagamento adiantado. E, é claro, sempre pesquisar o possível cliente na internet.
Obrigada pela visita e pelo comentário, Fernanda!
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