Hello, dear followers! Today we start February with exciting news in our blog: kicking off a guest series. I have invited friends and fellow translators to write about something they are good at, passionate about or simply related to their area of expertise. The idea popped up because many of them work in specific domains, and I thought it would be interesting if we had them talk about it to know more about other fields as well.
Our first guest is Beatriz Camacho, who is a professional proofreader and will be talking about her job (in Portuguese).
Welcome, Beatriz!
O (incompreendido) revisor
O perfil do profissional
Dizem por aí que todo revisor sofre de TOC. Será? Piadinhas à parte, ser detalhista é sim condição fundamental para quem almeja seguir a profissão.
E, além do alto grau de atenção aos detalhes, gostar de ler também deve fazer parte do pacote. Mas gostar somente não basta; tem de amar. Incondicionalmente. Afinal, você alternará seus dias entre vampiros, zumbis, fórmulas químicas, mapas, receitas de bolos, milionários sadomasoquistas e não terá como fugir!
Recomenda-se ainda ao revisor cultivar um viveiro de pulgas atrás da orelha: duvidar de tudo e de todos. Nenhum dado ou grafia pode passar batido. Ao menor sinal de desconfiança, deve-se deixar todas as supostas certezas para trás e pesquisar como se não houvesse amanhã.
E, tocando num ponto delicado: como saber a hora (e a real necessidade) de intervir no texto e a hora de respeitar as escolhas alheias? Revisor sofre…
*pausa dramática*
Bom, vamos lá: como agir numa situação em que você precisa ter um olhar crítico sobre um texto e, ao mesmo tempo, aceitar escolhas de outras pessoas, mesmo não concordando com elas? Bom senso. Fácil assim? Hum… mais ou menos. Na revisão, a prática não leva à perfeição (o que me mata de catapora!), mas pelo menos nos ensina a tomar algumas decisões mais conscientes e maduras, como o desapego. No início, é difícil pro revisor entender/aceitar que ele não precisa necessariamente mexer em tudo (mostrar serviço, poxa!). Mas que também se não mexer em nada deve desconfiar de que há algo errado (sempre haverá erros!). Esse meio termo é o que embola tudo e, às vezes, acaba deixando autores/tradutores com raiva!
Mas vamos com calma, gente! Depois de alguns anos de experiência, aprendi basicamente que: o que for facultativo deixa como está; se quiser incluir alguma sugestão que você considera relevante, um recadinho a lápis (ou balão de comentário) não faz mal a ninguém, mas quando houver ERRO… aí pode baixar a Stabilo vermelha!
Por fim, precisamos ter em mente que cada profissional tem seu papel dentro do processo editorial, o que parece óbvio, mas na prática não é bem assim. O revisor é o primeiro leitor de uma obra. Um leitor mais crítico, uma espécie de filtro para o público. É ele quem vai escolher palavras, ajustar frases, corrigir vícios de linguagem, enfim, deixar o texto fluido na língua nativa do leitor comum.
Uma revisão criteriosa, mais que simples perfumaria, é o cartão de visitas de um livro.
O trabalho
De um modo (bem) geral, o trabalho do revisor consiste em corrigir erros ortográficos e gramaticais.
Ah, se fosse só isso… *suspiro profundo*
Agora, inclua aí: verificar coesão e coerência, eliminar traços remanescentes da língua estrangeira, ambiguidades, repetições e vícios de linguagem, analisar a disposição dos elementos na página (se não há buraco ou estouro), conferir os pesos dos títulos e a paginação, bater o sumário com o miolo, acertar o tamanho das letras e as fontes etc. etc. etc.
UFA!
Viu, gente? Não é só trocar ‘esTe’ por ‘esSe’, não!
E é importante mencionar que os trabalhos citados acima, na maioria das vezes, são divididos em etapas: preparação (copydesk), primeira revisão, segunda revisão, releitura e controle de qualidade. Nem sempre todas elas são contempladas no processo, seja por falta de orçamento ou prazo, o que impossibilita uma divisão exata da função do revisor em cada uma.
Perspectiva de carreira
O campo de atuação do revisor é extenso: editoras (livros em geral, revistas, jornais, material didático), agências de publicidade, universidades, escolas, agências de tradução, produtoras editoriais, gráficas etc.
As editoras literárias (sonho de consumo de 9 entre 10 revisores) não costumam contar com uma equipe interna. Geralmente, o trabalho é terceirizado, por meio da contratação de freelas. Já em editoras que trabalham com livros didáticos, é muito comum haver uma equipe contratada trabalhando internamente.
A carga horária do revisor deve ser de 6 horas por dia, segundo norma do sindicato, mas nem sempre isso acontece.
Bom, acho que é isso…
Gostaria de agradecer à Carol pelo convite e parabenizá-la pela iniciativa de discutir assuntos que envolvem a tradução.
Espero que tenham gostado! E caso tenham alguma dúvida ou queiram conversar mais sobre o assunto, meu e-mail é: beatrizfcamacho@gmail.com.
You’re more than welcome, Beatriz! Thank you for being so kind and enthusiastic about my invitation (and for being the first guest). I loved learning more about the life of a proofreader. 🙂
Our next guest will be Carolina Ventura, who will be talking about medical translation, on February 11.
Are there any other proofreaders out there that would like to add something? Please feel free to share your thoughts.
About the author
Sou graduada em Tradução e mestre em Linguística pela Unesp. Desisti de seguir na carreira acadêmica e, em busca da minha real vocação, acabei descobrindo que a tradução era apenas a porta de entrada para o incrível mundo editorial. Hoje, oficialmente, sou revisora de livros didáticos, mas também edito, preparo e traduzo, como freelancer, para várias editoras.