Guest post: Freelance x in-house – a personal perspective (in Portuguese)

Dear readers, welcome back from the extended holiday! I hope you enjoyed Easter and are ready for the week that, for many, start only today.
Our guest today is Fernanda Lima, who talks about the difference between translating in-house and as a freelancer. We already had another guest, Mariana Sasso, with the same topic, but Fernanda takes a more personal approach. It’s definitely worth the reading!

Welcome, Fernanda!

Courtesy of picjumbo, by inspirationfeed.com

Traduzir in-house ou traduzir como freelancer? Só depende de você!

Quando recebi o convite da Carol para participar dos guest posts, decidi imediatamente falar sobre como percebo as alternativas “trabalhar como freelancer” x “trabalhar em uma empresa de tradução”. No entanto, após saber que a tradutora Mariana Sasso havia escolhido o mesmo assunto e, depois de ler o texto dela, comecei a pensar em como abordar aspectos diferentes daqueles já tratados por ela sem seu post. Portanto, neste texto procurei falar do mesmo tema por um viés diferente, e espero que tenha conseguido. 🙂

A primeira vez em que me deparei com essas duas formas de atuação profissional foi logo após defender o mestrado, ao entrar no mercado de trabalho da tradução. Uma agência anunciava tanto vagas internas quanto oportunidade para freelancers. Uma vez que eu ainda não tinha qualquer experiência e desejava ansiosamente entrar no mercado, me candidatei para ambas as opções. Acabei sendo selecionada para uma das vagas internas oferecidas, portanto, minha primeira experiência como tradutora profissional foi na modalidade in-house.

Sem dúvida, a experiência como tradutora interna foi de valor inestimável, já que nesse trabalho dei os primeiros passos na profissão, aprendi como o mercado da tradução técnica funciona, e posso dizer que esse trabalho ajudou a complementar a sólida formação que a graduação de Bacharelado em Letras com Habilitação de Tradutor me ofereceu. Nessa época, uma das facetas da tradução interna que me parecia mais positiva era a estabilidade e a segurança do emprego com carteira assinada. Na verdade, eu via com alguma desconfiança a possibilidade de se trabalhar e de se manter como freelancer. Pensava: “será possível ganhar o suficiente trabalhando em casa? E se não houver trabalho? E se não houver clientes? E se…?”.

Permaneci na empresa por quase um ano e, ao me desligar de lá, teve início minha segunda experiência profissional: agora como freelancer. Para minha surpresa, os receios que antes eu tinha em relação ao trabalho autônomo logo perderam o sentido, pois desde o início sempre houve trabalho frequente e ininterruptamente, posso dizer. Logo, também comecei a perceber alguns aspectos que, na minha opinião, são vantagens sobre o trabalho in-house. Como freelancer, eu podia de fato me dedicar ao que mais gostava: traduzir! Isso pode parecer óbvio, mas não é. No trabalho como tradutor interno, além da tradução em si, o profissional também é responsável por diversas etapas pelas quais o texto passa até e após a entrega final para o cliente: revisão (cotejo do original com a tradução), proofreading (leitura apenas do texto traduzido), implementação de atualizações/correções/alterações/feedback do cliente, etc. Essas mudanças não são motivadas somente por problemas com a qualidade terminológica/linguística da tradução. Por exemplo, muitas vezes, o cliente solicita mudanças no texto original após o início ou mesmo após a entrega da tradução, portanto, é necessário atualizar a tradução para que ela corresponda ao novo original. Outras vezes, embora frequentemente o cliente ou o revisor recomendem alterações importantes e que aprimoram a qualidade do texto final, há casos em que as modificações sugeridas são de relevância duvidosa, como trocar “de” por “do”, ou “bolo de chocolate” por “bolo sabor chocolate”, e cabe ao profissional interno aceitar/rejeitar e implementar ou não essas alterações (lembrando que, em caso de rejeição da mudança, é necessário justificar a negativa). É importante ressaltar que não considero essas etapas posteriores à tradução menos importantes, e acredito que gostar ou não dessas outras tarefas depende do perfil do tradutor. Hoje sei que faço parte do grupo dos que não gostam. Assim, uma das minhas primeiras e mais gratas descobertas na vida de freela foi a de que eu posso apenas traduzir e me sentir à vontade para recusar trabalhos de revisão, implementação, atualização, etc.

Durante quatro anos e meio trabalhei como freelancer, período no qual desenvolvi e mantive sólidas parcerias com algumas empresas e pude também direcionar meu trabalho para as áreas técnicas que mais me agradam, a saber, TI e marketing. Após esse período, comecei a sentir necessidade de mudar, de fazer algo diferente, e passei a considerar a possibilidade de voltar a trabalhar in-house. Apesar de não haver grandes problemas com a vida de freelancer e o trabalho continuar abundante, o “vento da mudança” estava soprando e decidi dar ouvidos a ele. 

Voltei a trabalhar como tradutora interna em outra empresa. Posso dizer que, nessa segunda experiência como tradutora interna, sentia falta de quando, como freelancer, pedia para dar uma olhada no texto antes de aceitar o trabalho e, caso fosse um manual de bomba hidráulica de uma britadeira, eu podia simplesmente recusar e esperar que aparecesse algo menos “técnico demais”. Dessa vez, além da impossibilidade de recusar textos de temas com os quais não tinha muita afinidade e das infinitas solicitações de alteração da tradução, que mencionei anteriormente, outro aspecto do trabalho em agências passou a incomodar bastante: a falta de variedade temática dos textos a serem traduzidos. Acho que aqui cabe falar da importância da variedade de textos para que o trabalho do tradutor técnico, principalmente, se mantenha saudável.  Na minha opinião, tradutores descansam de uma tradução não só quando a entregam e podem passar um dia livre. Ao começar a traduzir outro texto, de assunto totalmente diferente, de certa forma estamos descansando do texto anterior. No entanto, em uma agência de tradução, essa variedade é bastante limitada, pois a agência tem um portfólio de clientes e, naturalmente, os clientes que tiverem maior demanda ocuparão mais tempo da equipe interna. E, geralmente, os textos de um mesmo cliente têm o mesmo assunto. Assim, foram alguns meses implementado incontáveis alterações relevantes ou não e traduzindo o dia inteiro todo dia a mesma coisa, até que percebi que a vida como tradutora interna não se adequava mais a mim, ou eu não me adequava mais a ela, ou as duas coisas. Em menos de um ano, decidi retornar à vida de freelancer e atualmente estou trabalhando assim. 

Vejo claramente que as afinidades (ou a falta delas) com o trabalho freelancer e interno são mesmo uma questão de preferência pessoal, não havendo vantagens ou desvantagens absolutas, assim como ressaltou a Mari Sasso em seu post. Apesar de saber de benefícios, como os relacionamentos interpessoais com colegas de trabalho e a garantia de trabalho frequente proporcionados pela atuação em uma empresa (como também lembrou a Mari Sasso), para minha satisfação e bom desempenho profissional são mais importantes e decisivos os fatos de eu ter a palavra de decisão sobre traduzir ou não um determinado texto; de poder me dedicar exclusivamente às tarefas de que gosto e de saber que sempre me beneficiarei da diversificação de assuntos. No entanto, reconheço que outro profissional poderia ter uma experiência totalmente distinta, valorizando mais as vantagens da vida em uma empresa, que de fato existem.

Atualmente, ainda que eu seja capaz de entender claramente que “não nasci” para ser tradutora interna, entendo que as duas experiências que tive in-house, somadas às duas experiências como freelancer, foram igualmente necessárias e relevantes para que eu pudesse chegar a esse entendimento. Acredito que, se naquele período em que eu desejava uma mudança embora estivesse satisfeita como freelancer, eu não tivesse me dado o direito de mudar, talvez estivesse ainda hoje flertando com a ideia de voltar a trabalhar internamente. Em outras palavras, acredito que algumas “certezas” só são conquistadas quando nos damos o direito de testar as diferentes opções e possibilidades. Portanto, para tradutores iniciantes que ainda estão ingressando no mercado ou para aqueles que conhecem apenas uma dessas atuações, eu diria que é preciso experimentar ambas para descobrir qual a mais adequada ao seu perfil profissional.

Wow, Fernanda! Quite an experience, right? Now you can certainly say you know both sides. Thanks a lot for sharing your rich experience with us! I’m sure many indecisive translators out there will truly benefit from it.

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About the author
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Tenho Bacharelado em Letras com Habilitação de Tradutor (inglês e espanhol) e Mestrado em Estudos Linguísticos (ênfase em Estudos da Tradução), ambos pela Unesp. Sou tradutora técnica desde 2008 e costumo dizer que se não existisse tradução, não haveria qualquer outra coisa que eu pudesse fazer na vida.

 

7 thoughts on “Guest post: Freelance x in-house – a personal perspective (in Portuguese)

  1. Fefa, adorei teu texto! Você realmente pode falar com propriedade sobre os diferentes aspectos de ser freelancer ou in-house. É bem o que você falou, tuas certezas de hoje são fruto das experiências que você ousou encarar.

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  2. Que bom que gostou, Gé! De fato, muitas vezes é uma questão de coragem mesmo, sendo necessário deixar a zona de conforto pra testar o novo e, se não der certo, saber que não há problemas em se voltar para o velho 🙂

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  3. Fernanda, acho muito importante passar por algumas experiências antes de se “fixar” em uma ou outra modalidade de trabalho. Adorei quando escreveu sobre “descansar” de uma tradução, passando a fazer outra, sobre um novo argumento. É isso, o tradutor tem de descansar, a tradução também! Muito bom.

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    • Claudia, obrigada pelo comentário! Sim, as experiências são fundamentais e requerem tempo. Tb o descanso é fundamental para ambos. Com a mente descansada, o tradutor “enxerga” o texto melhor. E, descansada, a tradução também “se mostra” melhor!

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  4. Ótimo texto, Fefa! Passar por essas experiências é muito importante para a formação profissional de qualquer pessoa, pois, além de trazer conhecimentos variados, e não apenas técnicos, nos dá uma visão maior sobre nossa área de atuação. E com toda essa bagagem, fica mais fácil escolher o melhor caminho a seguir.

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    • Vc tem razão, Bia. E ambas conseguimos, após idas e vindas, ter uma visão bem clara do que somos e do que não somos profissionalmente, não é? Mas um dia eu ainda te convenço de que revisão é cotejo de original/tradução e de que leitura do português é proofreading! Hahaha

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  5. Pingback: In-house or freelance translating? It’s up to you! | Carol's Adventures in Translation

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